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Os cabelos de Dalva
Dalva era uma linda jovem, moradora da Praia Comprida, em São José. Impressionava os homens com sua beleza. E tinha uma coisa que dava inveja a muitas mulheres. Para o terror dela, até bruxas se remoíam de inveja do dote: os longos e belos cabelos negros. À luz da lua, refletiam tons de azul de tão negros que eram. Ela passava pela rua, e todo mundo olhava pra trás pra ver mais um pouquinho. No caminho, ficava aquele rastro de perfume dos cabelos. Nos homens, ficava a cara de tolo de quem não entende tanta belezura.
Mas, numa madrugada de lua cheia, se ouviu um grito na casa da bela Dalva. Toda a família acordou. Até os vizinhos acordaram e correram, de lampião na mão, pra casa da jovem, saber o que era. Do quarto onde Dalva costumava dormir vinham berros e gargalhadas de mais de uma pessoa. A porta não abria, e pela janela não se entrava.
Quando o berreiro acabou, a mãe de Dalva foi a primeira a conseguir entrar na peça onde dormia a filha. Quando entrou, Dalva já estava sozinha, sentada na cama, em estado de choque, nem conseguia chorar, e com os cabelos transformados em um emaranhado só. Tinha nó em tudo que é fio de cabelo da cabeça de Dalva. Entre os nós, muitos pedaços de unhas compridas e sujas, mais pedaços do que uma pessoa poderia cortar das próprias mãos. Não tinha dúvida: era trabalho de mais de uma bruxa.
Vizinhos tentaram de tudo, passaram óleo, cremes, mas os nós tinham um jeito impossível de desatar. Pura bruxaria feita por causa da inveja.
Não teve jeito, Dalva teve que raspar a cabeça com a máquina zero e o cabelo, quando voltou a crescer, nunca mais foi o mesmo, nem tão negro, nem tão liso. Dalva já não chamava tanto a atenção dos homens nem despertava inveja das mulheres. As bruxas estavam satisfeitas com a tristeza de Dalva e nunca mais atacaram a jovem.
Baseada na história contada por Gelci José Coelho, morador da Enseada de Brito, em Palhoça.
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