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Jovelino o lobisomem

Já tem quase 60 anos que uma leva de gente se mudou de Paulo Lopes, na Grande Florianópolis, pra Costa de Dentro, no Extremo Sul da Ilha. Nessa leva, chegou uma pessoa que iria marcar a história do local, apavorando moradores. Chamava-se Jovelino.
Numa casa de madeira pequena e simples, ele passou a morar sozinho. Dele, sabia-se pouco. Mas diziam que mantinha uma paixão à distância por uma moça do Pântano do Sul. Durante o dia, Jovelino andava pela rua, sempre debaixo de um chapelão e rodeado de cachorros. À noite, nunca tava em casa. Tudo sobre Jovelino era mistério. Da porta pra dentro, nem a bandeira do Divino entrava. Ninguém se dava com aquela figura sinistra, onde sobravam pêlos. Era barba comprida, braços e peitos peludos, cabelo longo e desarrumado, fugindo pelo chapéu...
Certa noite, o Sr. Zenildo, conhecido como Seu Babaco e vizinho do Jovelino, ouviu um barulho no terreno.



De pijama, ele abriu a porta dos fundos e viu que a lua cheia tinha chamado uma cachorrada sem fim, que revirava tudo. No meio da matilha, um bicho bem maior que os outros ficou em duas patas e encarou Seu Babaco. Então, estava ele frente a frente com o lobisomem, bem do jeito que tinha ouvido falar nas lendas.
Sentiu um frio na espinha de tanto pavor. Mesmo assim, passou a mão na primeira pedra que achou e acertou o lobisomem numa das patas. O bicho recuou, deu mais uma encarada e sumiu. Seu Babaco conseguiu afugentar o monstro e correu pra dentro se trancar em casa. Naquela madrugada, não dormiu mais. Na manhã seguinte, andando pela rua, Seu Babaco deu de cara com Jovelino, cercado da cachorrada e com o braço direito na tipoia. Não trocaram uma palavra sequer, só ficaram se encarando, bem do jeito que o lobisomem tinha feito naquela madrugada. Depois disso, Jovelino ganhou a fama, principal suspeito de ser o lobisomem da Costa de Dentro.
Os anos foram passando e Jovelino continuou metendo medo em muita gente, até que foi atropelado por um carro. Sem condições de ficar em casa sozinho, um vizinho que não acreditava nessa história de lobisomem o abrigou durante a recuperação. Mas era dar uma noite de lua cheia que Jovelino desaparecia do quarto, mesmo ferido. A janela ficava sempre aberta pra lua. Acham que ele ia atrás do amor no Pântano do Sul. Se ele era correspondido, não se sabe. Certo é que a tal moça só se casou há uns 20 anos, assim que o velho Jovelino morreu. Nunca mais se viu lobisomem lá pras bandas da Costa de Dentro, mas, nas noites de lua cheia, quem caminha pelas ruas mais escuras de lá jura que escuta uivos, vindos não se sabe de onde.

Baseado na história contada por Arante Monteiro Filho, morador do Pântano do Sul, na Capital de Santa Catarina.