Lenda da Gruta do Monge

Dizem os antigos pescadores de Bombinhas e Governador Celso Ramos que, em noites de névoa sobre o mar, é possível avistar uma luz tênue tremeluzindo na encosta da Ilha do Arvoredo, onde repousa silenciosa a famosa Gruta do Monge.

Segundo a tradição oral, há muito tempo, um homem de aparência enigmática, vestindo roupas escuras, grossas e gastas pelo tempo, apareceu misteriosamente na ilha. Nunca se soube ao certo de onde viera, mas sua presença era notada pelos barcos que passavam: alguns viam sua silhueta sentada sobre as pedras ao entardecer, outros juravam escutar cânticos sussurrados vindos da gruta quando o mar estava calmo.

O povo da região passou a chamá-lo de “o Monge”, acreditando que fosse um eremita em busca de penitência, ou até mesmo um santo que teria escolhido aquele lugar isolado para fugir das tentações do mundo. Contudo, outras versões mais sombrias também circulavam, diziam que ele era um antigo alquimista, um bruxo banido, que escolhera a ilha para realizar rituais ancestrais com forças que não pertenciam a este mundo.

Após anos vivendo solitário, o Monge desapareceu sem deixar rastros. Nem vestígios, nem ossos, nem sinais de embarcação. Alguns dizem que ele ascendeu aos céus. Outros, que foi levado pelo próprio mar. Mas os mais supersticiosos acreditam que ele ainda está lá, dormindo em outro plano, protegendo ou amaldiçoando a ilha conforme for a intenção de quem a pisa.

A Gruta passou a ser evitada por muitos, mas venerada por alguns. Reza a lenda que, àqueles que ali entram com fé, o Monge revela visões e segredos do passado. Porém, aos impuros, ele mostra o medo.

Hoje, a Gruta do Monge continua ali, talhada nas pedras, entre o som das ondas e o sussurro do vento. Quem se aproxima pode ouvir, se prestar bastante atenção, uma voz grave e distante dizendo:

“Aqui, só entra quem tem alma limpa.”

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