Lenda Duas Irmãs

Na Praia da Sepultura, repousam lado a lado duas grandes pedras de forma quase idêntica, conhecidas por gerações como “As Duas Irmãs”. Os antigos dizem que elas não são simples rochas, mas sim as guardiãs silenciosas de um passado sagrado.

Conta-se que, muito antes da chegada dos colonizadores, viviam ali duas irmãs indígenas — Yara e Araci — conhecidas por sua sabedoria, bondade e ligação com os espíritos da natureza. Yara lia os astros como quem lê um livro, enquanto Araci guiava os pescadores com precisão, conhecendo os ciclos do mar e os segredos das marés.

Certa noite, o céu ficou vermelho e os animais silenciaram. Um xamã inimigo, tomado pela inveja das jovens, lançou sobre elas uma maldição: que se tornassem estátuas eternas, impedidas de continuar ajudando seu povo. No amanhecer seguinte, Yara e Araci não foram mais vistas. No lugar onde se sentavam para observar o nascer do sol, surgiram duas pedras imensas, alinhadas perfeitamente com o horizonte e o vento.

Desde então, os antigos navegadores guarani passaram a usar as pedras como referência para o caminho das canoas e para prever os melhores dias de pesca. Dizem que, em noites de lua cheia, quem escutar com atenção ouvirá sussurros entre as pedras, como vozes femininas que recitam antigas rezas ao mar.

E até hoje, pescadores respeitam aquelas pedras, deixando flores ou um punhado de sal antes de zarpar, como um pedido de bênção às irmãs que ali vigiam, eternas, firmes e silenciosas, como duas sentinelas de pedra guardando o tempo e o mistério da Sepultura.

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